domingo, 17 de julho de 2011

A banalização das tendências

A blogueira It Guéls, conhecida pela linguagem escrachada e pelas polemicas causadas na web com relação ao mundo da moda, faz uma pequena reflexão sobre a banalização das tendências.
Com o aumento das mídias sociais e crescimento econômico, a indústria da moda ganhou mais notoriedade e popularidade. Hoje, basta um clique para que você encontre sites e blogs falando do assunto. Claro que nem todos possuem propriedade, mas fato é que juntos direcionam aos leitores, quase que diariamente, um dos termos mais falados no momento: as tendências. Ou seja, se todo mundo está querendo ou usando tal coisa isso é uma tendência e logo você também vai entrar na onda, mesmo que inconscientemente.
Da mesma maneira que sentimos necessidade de consumir informação e vivemos em busca de novidades em todos os segmentos, com a moda não é diferente, estamos o tempo todo visualmente conectados a tudo e esse acúmulo de imagens, sejam em pessoas, internet, vitrines, novelas ou revistas nos fazem querer sempre mais do novo.
E já que tendências são as novidades que irão comandar o mercado por um determinado tempo, podemos perceber que esse tempo anda cada vez mais curto.
 Se desde o verão já estavam divulgando que a promessa para o inverno seriam calças vermelhas e sapatos de onça, saiba que quando a estação de fato chegar, estaremos fartas do assunto, e não estranhe caso não suporte nem olhar para algum desses itens, mesmo que você nem chegue a adquirir um deles.
“A velocidade na qual se propaga uma informação atualmente é o fator mais relevante para que uma tendência alcance mais rapidamente as massas. Quando isso acontece, os trendsetter partem para um novo caminho”, disse a pesquisadora de tendências e diretora do Stylesight, Camila Toledo.
Essa afirmação demonstra que até mesmo magazines e lojas mais populares estão conseguindo trazer informação de moda para seu público com a mesma velocidade que as marcas de luxo, causando essa epidemia fashion. O resultado são mulheres desfilando por aí quase que uniformizadas, já que todas desejam, e agora podem obter, o mesmo casaco, a mesma bolsa e o esmalte da estação. Nem que sejam de marcas mais acessíveis, não importa, ninguém vai pedir pra ver a etiqueta.

Enquanto isso, muitas lutam ironicamente contra essa mesma banalização imposta pela cultura de seus países e procuram se destacar em meio à multidão. É fácil entender o motivo pela qual o famoso termo it girl, que antes definia um padrão de estilo, beleza e comportamento, veio perdendo força de uns tempos pra cá. Algumas das que restaram, poucas e nem tão boas, são facilmente encontradas na web desfilando peças assinadas por grandes estilistas. Estão sempre em eventos ou viajando para lugares inspiradores, onde geralmente fazem fotos do look do dia com lindas paisagens ao fundo. Mas até onde isso é autêntico e não uma bela jogada de marketing? A verdade é que está cada vez mais difícil encontrarmos um ícone que nos inspire sem parecer ter saído de um editorial de revista qualquer.
Afinal, todas usam, quase que instantaneamente, as mesmas roupas, acessórios, cabelos... Será que desdenham da nossa inteligência, abusam da inocência das mais desinformadas ou buscam uma legião de garotas adeptas a esse padrão tedioso?
Talvez isso aconteça por certa falta de personalidade ou porque toda aquela atitude que o mundo da moda cobrava, tenha sido substituída por um grande comodismo. E se Camila Toledo também diz que “Há uma explosão de várias tendências ao mesmo tempo e você é mais livre para escolher a que melhor combina com seu estilo”, a que devemos essa overdose de looks repetitivos que observamos por aí nas ruas, lojas e principais mídias? Ainda está fresco em nossa memória o famoso combo composto por saias de cintura alta, regatas, peep toes, esmaltes flúor e a famosa bolsinha com alça de corrente...

*Esse texto foi escrito pela Blogueira Itguels,  ela é Bacharel em design de moda e blogueira do itguels na horas vagas, já trabalhou com marketing de moda, estilo e atualmente é gerente de produto. Por motivos diversos não poderemos revelar a identidade da autora. Para acompanhar suas perolas na rede basta seguir sua arroba @itguels

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